“O meu cartão de crédito é uma navalha”. O desabafo feito por Cazuza nos
anos oitenta na música "Brasil" ainda é uma realidade na vida de muita
gente mais de três décadas depois. O cartão de crédito é apontado pelo
consumidor brasileiro como o principal meio de pagamento que o levou ao
calote.
Pesquisa da Boa Vista Serviços, que administra o SCPC (Serviço Central
de Proteção ao Crédito), revela que 31% dos inadimplentes indicaram o
cartão como o vilão da crise de suas finanças pessoais no mês de junho.
Além disso, os cartões no Brasil têm taxa de 323% ao ano, a maior da América Latina.
Especialistas
ouvidos pelo Yahoo! são unânimes em dizer que o “dinheiro de plástico”
pode ser ótimo instrumento, mas é preciso planejamento financeiro. No
cartão de crédito, o juro nunca é pequeno. “Você pode juntar todas as
compras e pagar numa única data, para controlar é mais fácil, sem contar
os programas de ponto. O grande problema é a má utilização”, alerta
Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
A
primeira dica diz respeito à escolha do cartão. No passado, com a
instabilidade ecônomica, era normal ter vários cartões, com diferentes
bandeiras e vencimentos, até porque nem todos eram aceitos. Hoje um é
suficiente. Vale lembrar que as administradoras cobram anuidade, então
quanto menos cartões, menos prejuízo ao bolso. Se você não faz viagens
internacionais com frequência, melhor optar por um cartão padrão, porque
as taxas do internacional são consideravelmente mais altas.
Para
evitar dor de cabeça, o conjunto total de despesas com relação a
financiamentos nunca deve ultrapassar 25% da renda. É normal a
administradora lhe dar um limite igual ou superior à sua renda mensal,
afinal ela tem todo o interesse em que você pague menos que o total da
fatura. E aí começa o perigo. “Se você gastou R$ 1.000, tenha certeza de
que que vai pagar a fatura integalmente no vencimento. Quem entra no
rotativo, dificilmente consegue sair”, alerta Oliveira.
Caso
você não tenha condições de quitar a fatura, o ideal é recorrer a outra
fonte, com juro menor, como empréstimo bancário, por exemplo. “Se fez um
parcelamento e percebe que não vai pagar, quitar o cartão é
imprenscindível”, adverte Samy Dana, professor da Escola de Economia da
FGV-SP. Daí a importância de evitar parcelamentos longos.
Compras
no exterior também não são um bom negócio para se fazer com o cartão de
crédito. Além de IOF de 6,38% que incide sobre as compras, há a
variação cambial. Como a conversão é feita no dia que fecha a fatura, e
não no dia em que é realizada a compra, não dá para saber com qual
cotação virá a cobrança.
No caso de saques com o cartão, o
consumidor está sujeito a pagar tarifas altas. “Jamais use-o para obter
crédito, senão vira uma arma que pode matar financeiramente”, aconselha
Dana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com responsabilidade